José de Alencar

Escritor, político e advogado, José Martiniano de Alencar nasceu a 1º de maio de 1829 no Ceará e morreu de tuberculose aos 48 anos no Rio de Janeiro, em 12 de dezembro de 1877. Fez curso de Humanidades no RJ e formou-se em Direito em SP, onde foi colega de aula de Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães. Foi ministro da Justiça (1868-1870) e Senador do Império. Um de seus descendentes foi o Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco. É considerado o maior escritor romântico brasileiro, tendo criado obras regionalistas, sociais e indianistas. Neste último estilo, que criou junto com Gonçalves Dias, enquadra-se O Guarani, que inspirou a célebre ópera de Carlos Gomes. Alencar foi também poeta e teatrólogo. Entre seus maiores romances estão O Guarani, Ubirajara, Iracema, Senhora, A Pata da Gazela, Diva, Lucíola, As Minas de Prata, A Viuvinha, Cinco Minutos, Til, O Gaúcho, O Sertanejo, Encarnação, Sonhos d'Ouro e O Tronco do Ipê.

"Aurélia amava mais seu amor, do que seu amante; era mais poeta do que mulher; preferia o ideal ao homem." Senhora

"As cortinas cerraram-se, e as auras da noite, acariciando o seio das flores, cantavam o hino misterioso do santo amor conjugal." Senhora

"Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longo que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como sue sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado." Iracema

"Pousando a criança nos braços paternos, a desventurada mãe desfaleceu, como a jetica, se lhe arrancam o bulbo. O esposo viu então como a dor tinha consumido seu belo corpo; mas formosura ainda morava nela, como o perfume na flor caída do manacá." Iracema

"Poucos homens conheciam como Horácio o coração da mulher; porque bem raros o teriam estudados com tamanha assiduidade. O mais sábio professor ficaria estupefato da lucidez admirável, com que o leão costumava ler nesse caos da paixão, que a anatomia chamou coração de mulher." A Pata da Gazela

" É verdade! Murmurou soltando uma fumaça de charuto. O leão deixou que o cerceassem as garras; foi esmagado pela pata da gazela." A Pata da Gazela

"Podia dar-lhe outra resposta mais breve, e dizer-lhe simplesmente que tudo isto sucedeu porque me atrasei cinco minutos." Cinco Minutos

"Calando-me naquela ocasião, prometi dar-lhe a razão que a senhora exigia; e cumpro o meu propósito mais cedo do que pensava. Trouxe no desejo de agradar-lhe a inspiração; e achei voltando a insônia de recordações que despertara a nossa conversa. Escrevi as páginas que lhe envio, às quais a senhora dará um título e um destino que merecem. É um 'perfil de mulher' apenas esboçado." Lucíola

"Quis pintar-lhe o que vi: a incubação de uma alma violentamente comprimida por uma terrível catástrofe; a vegetação de um corpo vivendo apenas pela força da matéria e do instinto; a revelação súbita da sensibilidade embotada pelos choques violentos que partiram o estame de uma infância feliz; a floração tardia do coração confrangido pelo escárnio e pelo desprezo; finalmente a energia e o vigor do espírito que surgia, soltando por misteriosa coesão os elos partidos da vida moral, e continuando no futuro a adolescência truncada." Lucíola

"Porque nasci para esta vida nova. Oh! Tu não sabes... Depois que reabilitei o nome de meu pai e o meu, ainda me faltava uma condição para voltar ao mundo. [...] A tua felicidade, o teu desejo. Se tivesses esquecido do teu marido para amar-me sem remorso e sem escrúpulo, eu estava resolvido... a fugir-te para sempre!" A Viuvinha

" A Emília, de quem eu te falo, não existiu para ninguém mais senão para mim, em quem ela viveu e morreu. A Emília, que o mundo conhecera e já esqueceu talvez, foi a moça formosa, que atravessou os salões, como a borboleta, atirando às turbas o pó dourado de suas asas. A flor, de que ela buscava o mel, não viçava ali, nem talvez na terra." Diva

" Não sei!... Respondeu-me com indefinível candura. O que sei é que te amo!... Tu não é só o arbítrio supremo de minha alma, és o motor de minha vida, meu pensamento e minha vontade. És tu que deve pensar e querer por mim... Eu?... Eu te pertenço; sou uma cousa tua. Podes conservá-la ou destruí-la; podes fazer dela tua mulher ou tua escrava!... É o teu direito e o meu destino. Só o que tu não podes em mim, é fazer que eu não te ame!..." Diva

Nenhum comentário:

Postar um comentário