NO SILENCIO DO POETA


Procurei nos versos, rosas

Nas rosas, água

Na água, os versos

Que em mim faltava.

Procurei no teu corpo, abrigo

No abrigo, o “não dito”

No “não dito”, o amor

Que em mim procurava.

Viajei até o porto do teu cais

Buscando saber

Se o meu sol

É o mesmo que em ti nasce.

Deixei que me rotulassem

Em versos negros

Enquanto lia a profecia de Cristo

Entre rosas e espinhos.

Abri o livro dos dragões

E saiu uma rosa mágica

Da rosa saiu os versos

Dos versos, um mar de rosas.

Das rosas, um espelho mágico

Que refletia em quem olhava

Do espelho, alma luz

Nascente do teu corpo.

Do teu corpo, esses versos

Desses versos, o “não dito”

Que transborda por dizer...

Dentre tantas coisas...

Calo-me!

Silencio, até que o raio cruze o céu!

Silencio, até que o teu juiz não me faça de réu!

Sinto a força da voz enquanto sai uma pétala

Que do meu peito sopra no céu da tua boca

E dos versos negros surgem cores

Que se espalham num vôo noturno.

Ao fundo, Iemanjá no altar

Nas costas, o dragão tatuado

Na estrada, passos entrelaçados

Na cama, destinos que se cruzam.

No prazer, corpos que se encontram

No êxtase, almas que se calam

No despertar de um sonho profundo...

Teus olhos se abrem no pico do mundo.

Então se abraçam, duas estrelas

Então se aquecem, no leito dos céus

Reconhecem-se como partes iguais

Mares e membros, amor no cais.

Luz que embeleza a vida

Magos e seus cajados a escrever

Com os meus olhos e os olhos teus

No mergulho dos anjos de Deus.

Desconhecido

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