Guimarães Rosa

João Guimarães Rosa

Guimarães Rosa está na Terceira Fase do Modernismo (década de 1940 a nossos dias), sendo uns dos autores da Ficção da Terceira Fase do Modernismo Brasileiro.

Nasceu em Minas Gerais em 1908 e faleceu no Rio de Janeiro em 1967,

Formou-se médico e exerceu a profissão no interior de Minas. Em 1934 ingressou na carreira diplomática, servindo em Hamburgo. Trabalhou ainda pelo Ministério do Exterior em Bogotá e Paris.

Como chefe do serviço de demarcação de fronteiras, resolveu casos delicados: Picos da Neblina e Sete Quedas. Morreu de enfarte aos 59 anos de idade, na mesma semana em que fora eleito membro da Academia Brasileira de Letras.

Obras: Sagarana (contos), Corpo de Baile (ciclo novelesco), Grande Sertão: Veredas (romance), Primeiras Estórias, Tutaméia: Terceiras Estórias, Estas Estórias (contos, essas três obras).

O romance Grande Sertão: Veredas constitui a obra-prima de Guimarães Rosa. Toda a história nos é contada por Riobaldo, ex-jagunço do norte de Minas. Agora pacato fazendeiro, vive de lembranças às margens do São Francisco. À medida que vai rememorando seu passado, vai questionando os valores da própria vida. Preocupa-se seriamente com o Bem e o Mal e com a existência do Diabo. Se o Diabo existe, Riobaldo está perdido, pois fizera um pacto com o Diabo, com o propósito de vencer seu inimigo Hermógenes. Tem um companheiro de armas chamado Diadorim, a quem ama extremamente. Este amor o perturba. Contudo, tudo se esclarece quando Diadorim morre em duelo, matando Hermógenes: Diadorim não era homem, era mulher; uma filha de Joca Ramiro, disfarçada de jagunço.

A obsessão central é o pacto demoníaco. O compadre Quelemém, teólogo sertanejo, procura demonstrar a inexistência de Satanás: "O Diabo vige no Homem", "O que não existe", "O que não é mais finge ser".

Sertão é o universo, o mundo, o panteísmo, o conjunto maior.

Veredas é o habitável, o nosso mundo. Entre eles, os dois pontos.

Quem sabe separando-os? Quem sabe unindo-os?

O que mais facina no testo rosiano é sua elaboração e construção de um novo idioma. É o sonho realizado de José de Alencar e Mário de Andrade; o primeiro sugere, o segundo executa e o terceiro consagra. Não é sem razão que Grande Sertão: Veredas já foi classificado como obra épica, lírica e dramática. Épica porque fala do sertão; o sertão é maior que o continente; o sertão é o mundo inteiro. Lírica porque revela o interior, o eu em conflito com o todo; o sertão é dentro da gente; o sertão é a gente mesmo. Dramática porque questiona o conflito entre o Bem e o Mal, Deus e o Diabo, o Amor e o Ódio. Riobaldo ¾ epicamente ¾ lembra Enéias de Vergílio ¾ que cumpre fielmente o seu destino, e para cumpri-lo não vacila em ser um novo Fausto, vendendo a alma para o Diabo. No plano lírico, Riobaldo é outro D. Quixote, idealista, o poeta que confunde o real com o irreal. No plano dramático Riobaldo é Hamlet, porque descobre suas veredas e suas verdades, crescendo espiritualmente, à medida que se autoconhece.

O tema do amor aparece poeticamente em Grande Sertão: Veredas.
Riobaldo conhece três tipos de amor: ama Otacília, Nhorinhá e Diadorim. Otacília é lembrança, saudade, passado, amor espiritual. Nhorinhá ¾ prostituta ¾ encarna o amor sensual, carnal, erótico. Por Diadorim, Riobaldo devota um amor primitivo, confuso. Riobaldo se confessa apaixonado pelo companheiro: "Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Diga o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa-feita".
Riobaldo confessa ter estabelecido, apesar da dificuldade de cumprir, um pacto de amor com o companheiro.

Aquele encantamento que Riobaldo vê em Diadorim é revelado no final da narrativa. Diadorim luta com o jagunço Hermógenes; assassino-o; dos ferimentos vem a falecer também. Morto revela-se tal qual era de fato: uma moça transvestida de homem.

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