Mineiro, Bernardo Guimarães foi juiz, jornalista e professor. Atuou como juiz em Catalão, onde tomou a polêmica medida de libertar presos que abarrotavam a cadeia municipal. Vivia em um grande desleixo, como atestam pessoas que o visitavam. Como professortambém não era competente, tendo sido despedido por sua falta de assiduidade e competência. Ele pretendia, junto com Álvares de Azevedo, instalar a boêmia byroniana em São Paulo. Tornou-se célebre principalmente por sua famosa obra A Escrava Isaura, que foi adaptada para filme, teatro e televisão.
"As linhas do perfil desenhavam-se distintamente entre o ébano da caixa do piano, e as bastas madeixas ainda mais negras do que ele. São tão puras e suaves estas linhas, que fascinam os olhos, enlevam a mente, e paralisam toda análise. A tez é como o marfim do teclado, alva que não deslumbra, embaraçada por uma nuança delicada, que não sabereis dizer se é leve palidez ou cor-de-rosa desmaiada. O colo donoso e do mais puro louvor sustenta com graça inefável o busto maravilhoso. Os cabelos soltos e fortemente ondulados se despenham caracolando pelos ombros em espessos e luzidios rolos, e como franjas negras escondiam completamente o dorso da cadeira, a que se achava recostada." A Escrava Isaura
"Pobre Isaura! - disse Álvaro com a voz comovida, estendendo os braços à cativa. - Chega-te a mim... Eu protestei no fundo de minha alma e por minha honra desafrontar-te do jugo opressor e aviltante, que te esmagava, porque via em ti a pureza de um anjo, e a nobre e altiva resignação de um mártir. Foi uma missão santa, que julgo ter recebido do céu, e que hoje vejo coroada do mais feliz e completo resultado. Deus enfim, por minhas mãos vinga a inocência e a virtude oprimida, e esmaga o algoz." A Escrava Isaura
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